Nos últimos dias, a presidente Dilma Rousseff acompanhou de perto – e preocupada – tensas convenções de partidos que apoiarão sua candidatura à reeleição em outubro. De todas as siglas que aceitaram repassar à petista seus minutos na propaganda eleitoral de televisão em troca de cargos no governo federal, nenhuma foi marcada por tamanha confusão como a que se viu na convenção do Partido Progressista, o PP, nesta quarta-feira. Respaldado pela ala majoritária do partido, que orbita o governo do PT desde os tempos do mensalão, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira, tentou aprovar uma resolução de apoio à chapa de Dilma, mas esbarrou na resistência de alguns diretórios, especialmente os de Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Ouviu coro de "vendido" e deixou a convenção escoltado por seguranças – por pouco, não levou sopapos do deputado Jair Bolsonaro (RJ). Minutos depois, Ciro Nogueira mostrou como funcionam as coisas no PP: convocou a cúpula da sigla e, a portas fechadas, chancelou o apoio numa canetada. "Eu nunca fui ouvida, nunca foi consultada. Eu e os outros convencionais só fomos informados. Isso é democracia? É uma cúpula que delibera?", afirma a senadora gaúcha Ana Amélia Lemos, um dos nomes mais fortes do PP nas eleições deste ano, aliada do tucano Aécio Neves. Ela aguarda a decisão da Justiça Eleitoral sobre o recurso apresentado pelos diretórios dissidentes contra a decisão da direção do PP.
Que interesses podem ter motivado essa decisão? Isso eu não gostaria nem de comentar, porque quem tem que responder é o presidente. Eu sou uma senadora independente, tenho trabalhado intensamente nessas questões. Não posso me queixar: as emendas parlamentares que eu tenho são liberadas porque o governo sabe como se age. Mas o que está em jogo não é Dilma, é o futuro do PP.
Qual caminho a ala independente vai adotar agora? Estou aguardando a manifestação da Justiça Eleitoral, porque entramos com uma ação cautelar para anular os efeitos da convenção e para que seja feita uma nova convocação da Executiva para tratar do assunto. O presidente deveria ter colocado em votação as duas propostas, não aprovar a que ele tinha na manga.
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