sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Aécio pode crescer mais do que Marina na reta final.


Análise de Mauro Paulino, diretor do Datafolha

A pesquisa divulgada nesta quinta (2) pelo Datafolha, assim como esta análise, foram feitas antes do último debate entre os candidatos. Qualquer tipo de influência do evento sobre a corrida presidencial será captada no levantamento cujas entrevistas serão realizadas entre esta sexta (3) e a manhã de sábado. Possíveis movimentos que ocorrerão a partir daí apenas as urnas revelarão.

Mas é importante registrar as marcas com que os candidatos chegaram ao confronto na TV para justamente medir se haverá ou não algum impacto na disputa. Constatar, por exemplo, que no dia e nos momentos que antecederam o programa a taxa de intenção de voto total em Dilma Rousseff (PT) mantinha-se no patamar dos 40%, a seis pontos de uma vitória no primeiro turno. E que Marina (PSB) e Aécio (PSDB) entraram no debate tecnicamente empatados, situação inédita desde agosto, logo depois da morte de Eduardo Campos, quando a ambientalista ainda não tinha oficializado sua candidatura.

Dependendo da repercussão e da percepção do eleitorado sobre o saldo de desempenho dos candidatos nesta reta final, as tendências atuais das curvas podem se intensificar até o dia da eleição. Ou, ao contrário, se algum fato sensibilizar segmentos com peso quantitativo relevante, refluxos podem ser cogitados. Numa eleição presidencial onde, pela primeira vez, a maioria do eleitorado possui ao menos o nível médio de escolaridade, a velocidade da informação não pode ser subestimada como componente decisivo na elaboração do voto.

Mas, caso nada impactante aconteça, esperam-se para a véspera da eleição variações de Dilma entre 38% e 43%, de Marina entre 22% e 27%, e de Aécio entre 19% e 25%. Como se observa, os dois candidatos da oposição possuem evidente zona de sobreposição entre suas projeções, o que indica decisão apertada no dia do pleito. Com o acirramento na disputa pela vaga de adversário de Dilma no segundo turno, vale uma análise mais atenciosa dos cenários.

No primeiro momento, tem-se a impressão de equilíbrio também na etapa final. Tanto Marina quanto Aécio alcançam 41% das intenções de voto, ante 48% da atual presidente. Porém o espaço para crescimento de ambos é um pouco diferente. Se a ex-ministra possui uma vantagem numérica de três pontos percentuais nas intenções de voto no primeiro turno, a tendência se inverte pró-tucano quando o assunto é o potencial total das candidaturas no segundo.

Considerando-se a taxa de rejeitadores que conhecem de fato cada um dos candidatos --os "causa perdida"--, sobraria para Aécio Neves um potencial total de crescimento máximo de 27 pontos, ante 24 de Marina. Para Dilma, neste momento, o espaço é de 11 pontos. Também é interessante perceber os contrastes de perfil dos eleitores da oposição para a etapa final.

No segundo turno, Marina atrai um pouco mais os jovens, os que vivem nas capitais e os evangélicos, enquanto Aécio se destaca especialmente entre os moradores do Sul, entre os do Centro-Oeste, entre os católicos e entre os mais velhos. A ambientalista consegue no segundo turno 55% dos que pretendem votar no tucano na primeira etapa. Já o ex-governador de Minas chega a captar 60% dos que optam pela ex-ministra agora no dia 5. Aécio atrai 60% dos simpatizantes do PMDB em um confronto direto contra Dilma, enquanto Marina leva 49% desse segmento. Números que podem levar petistas a questionar se de fato foi uma boa estratégia a desconstrução feroz de Marina Silva. 

No link a análise do último debate eleitoral.

http://bit.ly/1BDn4EI

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