sábado, 4 de outubro de 2014

Corrida ao Palácio Piratini é uma das mais acirradas da história


Nas eleições gerais de 2014, sete candidatos concorrem ao governo do Rio Grande do Sul. A disputa deste ano se apresenta como uma das mais renhidas desde que voltaram a ser realizadas eleições diretas para o governo estadual, em 1982. Uma série de fatores explica o acirramento da corrida ao Palácio Piratini. A começar pelo aberto confronto entre o governador licenciado Tarso Genro (PT), que disputa a reeleição, e a candidata do PP, a senadora Ana Amélia Lemos. Desde o início da campanha, Tarso e Ana Amélia, ambos detentores de fatias consideráveis do eleitorado, protagonizaram confrontos diretos, se estabeleceram como representantes de campos políticos opostos e não se furtaram a trocar duras críticas.

O fato de Tarso ser insistentemente alvejado por todos os demais adversários aumentou a tensão da campanha. Desde os que se situam mais à esquerda, como Roberto Robaina (PSol) e Humberto Carvalho (PCB), até Ana Amélia, todos “bateram” com força, sejam eles de siglas sem representação ou história política, como o PRTB de Estivalete Bilhalva, representantes de ex-aliados, como Vieira da Cunha (PDT), ou integrantes de grandes partidos nacionais de centro, como José Ivo Sartori (PMDB).

Quando a campanha começou, o governador tinha a esperança de liquidar a eleição no primeiro turno. Ana Amélia também. Como subir o tom das críticas ao adversário mais próximo nas intenções de voto do eleitorado é uma das estratégias usadas por quem tenta encerrar a disputa no primeiro turno, as pesquisas eleitorais funcionaram como mais um fator da disputa acirrada.

Por fim, nos últimos dias, um novo ingrediente acabou esquentando ainda mais os debates: a ascensão de Sartori. O fator acabou com o clima de cordialidade que parecia existir entre PP, PMDB e PDT. Petistas e progressistas não falam abertamente, mas passaram a avaliar se o peemedebista tem chances concretas de mais crescimento e não querem “pagar para ver”. Só dois passam para o segundo turno, se houver. E essa nova rodada será tão ou mais tensa que a primeira.

Ana Amélia Lemos (PP): A senadora Ana Amélia Lemos (PP) nasceu em 1945, em Lagoa Vermelha. Graduada em jornalismo na PUCRS, iniciou a carreira na Rádio Guaíba, no final dos anos 60. Na década de 70, passou a trabalhar como repórter de economia do Jornal do Comércio e, em 1977, transferiu-se para o Grupo RBS. Foi repórter, produtora e apresentadora de TV. Em 1979, foi para Brasília. Entre 1982 e 2003, dirigiu a sucursal da RBS em Brasília, onde ficou até 2010, quando se desligou da empresa para disputar seu primeiro pleito, como candidata ao Senado pelo PP, sigla na qual ingressou em 2009. Tornou-se a segunda mulher a assumir vaga no Senado pelo RS, em mandato que termina ao final de 2018. Ela defendeu que o PP ficasse neutro na disputa presidencial. O PP nacional, contudo, optou por manter o apoio à presidente Dilma Rousseff (PT). O diretório gaúcho apoia o candidato Aécio Neves (PSDB). O apoio tem respaldo na aliança fechada para a disputa estadual, na qual Ana Amélia tem coligação com PSDB, SDD e PRB. Seu candidato a vice é o deputado Cassiá Carpes (SDD).

José Ivo Sartori (PMDB): Nascido em Farroupilha, em 1948, Sartori é professor com graduação em Filosofia pela UCS. Começou a carreira política como vereador eleito em 1976 em Caxias do Sul, pelo MDB. Em 1982 foi eleito deputado estadual. Nos anos seguintes, conquistou mais quatro mandatos na Assembleia. Entre 1987 e 1988, no governo Pedro Simon, foi secretário estadual do Trabalho e Bem Estar Social. Em 2002 se elegeu deputado federal. Em 2004, concorreu (pela terceira vez) à prefeitura de Caxias do Sul e saiu vitorioso. Em 2008 disputou a reeleição, apoiado por uma coligação com 14 siglas, e teve só um adversário (o petista Pepe Vargas). Venceu no primeiro turno. Em 2013 ganhou o apoio do senador Pedro Simon para concorrer ao governo e venceu com larga margem a convenção realizada em 2014 para decidir quem seria o candidato. Sartori e Simon negaram-se a seguir a posição nacional do partido, que apoia a reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT). Sartori apoia Marina Silva (PSB). Seu vice é José Paulo Cairoli (PSD). Está aliado a PSB, PSD, PPS, PHS, PTdoB, PSL e PSDC. 

Tarso Genro (PT): Eleito governador no primeiro turno em 2010, Tarso Genro (PT) tenta a reeleição. Nascido em 1947, em São Borja, foi eleito vereador em Santa Maria, pelo MDB, em 1968. Com a entrada em vigor do AI-5 e após ter sido preso duas vezes, se exilou no Uruguai. Voltou ao Brasil em 1972 e militou no MDB e no Partido Revolucionário Comunista. Formado em Direito pela UFSM, atuou como advogado trabalhista. Em 1988, pelo PT, foi eleito vice-prefeito de Porto Alegre, na chapa de Olívio Dutra. Em 1990 disputou, sem sucesso, o governo gaúcho. Em 1993 sucedeu Olívio na prefeitura. Em 2000, reelegeu-se prefeito. Deixou o cargo em 2002 para disputar o governo, que novamente perdeu. Com a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva presidente, ocupou diversos cargos no governo federal. 

Vieira da Cunha (PDT): Vieira da Cunha nasceu em 1960, em Cachoeira do Sul. Formou-se em Direito na Ufrgs e ingressou no Ministério Público gaúcho em 1986, ano em que assumiu uma cadeira na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, em seu primeiro mandato eletivo. Em seguida, foi convidado a participar da administração de Alceu Collares na prefeitura da Capital. Filiado ao PDT desde 1981, Vieira conquistou o segundo mandato na Câmara de Vereadores em 1988. Entre 1992 e 1993 presidiu a CEEE e, em 1994, se elegeu deputado estadual. Em 1998 e 2002 conquistou mais dois mandatos na Assembleia. Em 2004 concorreu, sem sucesso, à prefeitura de Porto Alegre. Em 2006 foi eleito para a Câmara dos Deputados e reeleito em 2010. Lançou-se candidato ao governo neste ano, contrariando parte do partido, que preferia continuar integrando o governo Tarso Genro. Contrário à manutenção da aliança com a presidente Dilma Rousseff, foi voto vencido. 

Edison Estivalete (PRTB): O candidato do PRTB nasceu em 1955, em Três Passos. Formado em Educação Física na Ufrgs, filiou-se ao PRTB após a eleição de 2012, quando disputou, sem sucesso, vaga na Câmara de Vereadores de Alvorada, pelo PT. Em 2010 concorreu à Assembleia pelo PV. Antes, passou pelo PMDB. Integrante da Brigada Militar, comandou o Regimento Bento Gonçalves da Cavalaria em Porto Alegre e o 24° Batalhão, em Alvorada. No governo Yeda Crusius, foi subchefe de Operações da Casa Militar. 

Humberto Carvalho (PCB): Candidato pelo PCB, Humberto Carvalho tem 71 anos e nasceu em Porto Alegre. Graduado em Direito e Filosofia, ingressou no Ministério Público do RS, atuou como promotor público em diferentes cidades gaúchas e aposentou-se em 1996. Atua hoje como advogado sindical. Ingressou no PCB na década de 60. Em 2010, concorreu ao governo do Estado. Antes disso, em 2008, foi candidato a vice na chapa encabeçada por Vera Guasso (PSTU), na disputa pela prefeitura da Capital.

Roberto Robaina (PSol): O candidato do PSol, Roberto Robaina, 47 anos, nasceu em Porto Alegre. É formado em História, com mestrado em Filosofia. Começou a militância política no movimento estudantil. Foi diretor da UNE e do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre. Nos anos 80, filiou-se ao PT. Em 2003, saiu da sigla. Fez parte da criação do PSol, em 2005. Concorreu ao governo do Estado em 2006, à uma cadeira na Assembleia Legislativa em 2010 e à prefeitura de Porto Alegre em 2012. 

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